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quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Mapa da poesia I




Cálice



Adentreis profundo em abertos cortes,
onde à mingua reside minha essência.
Aos poucos minam minha conscência
e incertezas vagueiam sem um norte.

É tempo em que o corpo vai à falência,
com a evidência de um divino suporte.
Sei que a vida não finda-se na morte,
que morrer é não viver na turbulência.

Calo-me, pois minha hora é chegada.

Fim da estrada, o meu dia chegou...
Minha existência já está consumada...

O meu tempo tarda... Oh, quão grande dor!
É o vinagre que a minha alma traga
às vísceras, um cálice, cheio de amargor.



Beto Acioli
27/02/2013


Vazio



Sem siso nem riso navego o vazio

Ancoro no cais vago da solidão

E no mar escuro da minha clausura

Habita tristura em qualquer direção



E em meu sangue frio o gelo da alma

Depressa divaga num golpe malsão

A paz que me falta  me traz desventura

E ilhado me entrego inteiro a ilusão



E em passos largos caminho à loucura

Remando sem norte num mar tão bravio

Hostil ao externo sigo minha procura



Distante, confuso e exposto ao ardil

Servil a escuridão que a fundo me tortura

Sem siso nem riso navego o vazio...

Glória

Se há um mundo que gira afora teu umbigo
Por que te alimentas de tanto egoísmo?
Em tua mesquinhez mora a hipocrisia
Que cega te guia pra beira do abismo

Espelhas tua pompa numa alma vazia
E com orgulho aquece a tua vida fria
Veste-te de cuidado para o teu destino
Pois ele costuma a usar sempre a ironia

Talvez conhecerás a fustigante agonia
E verás o teu sol quadrado todo dia
Sozinho penarás num mundo pequenino

Nem com palha e milho entraste nos trilhos
Jaz tua fosca estrela iludida ao brilho
E a acerba solidão se faz tua companhia



Beto Acioli 
12/03/2013



Descolorido 


 Seca, sede, fome e morte
 pintam as telas do sertão
Vidas que se descolorem 
e quebrantam o coração.

É o preto e branco gritando 
clamando por atenção
pro verde que virou cinzas 
por falta de compaixão.

Águas que jorram dos olhos 
mas não servem para beber
São só lamentos e tristezas 
por não ter o que colher.

E o mormaço no céu fosco 
sem vontade de chover
Confirma o futuro tosco 
que o sertanejo irá ter.

E na terra pobre e seca 
donde não germina o pão,
a morte consome a fome 
por não ter outra opção.

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