Cálice
Adentreis profundo em abertos cortes,
onde à mingua reside minha essência.
Aos poucos minam minha conscência
e incertezas vagueiam sem um norte.
É tempo em que o corpo vai à falência,
com a evidência de um divino suporte.
Sei que a vida não finda-se na morte,
que morrer é não viver na turbulência.
Calo-me, pois minha hora é chegada.
Fim da estrada, o meu dia chegou...
Minha existência já está consumada...
O meu tempo tarda... Oh, quão grande dor!
É o vinagre que a minha alma traga
às vísceras, um cálice, cheio de amargor.
Adentreis profundo em abertos cortes,
onde à mingua reside minha essência.
Aos poucos minam minha conscência
e incertezas vagueiam sem um norte.
É tempo em que o corpo vai à falência,
com a evidência de um divino suporte.
Sei que a vida não finda-se na morte,
que morrer é não viver na turbulência.
Calo-me, pois minha hora é chegada.
Fim da estrada, o meu dia chegou...
Minha existência já está consumada...
O meu tempo tarda... Oh, quão grande dor!
É o vinagre que a minha alma traga
às vísceras, um cálice, cheio de amargor.
Beto Acioli
27/02/2013
Vazio
Sem
siso nem riso navego o vazio
Ancoro
no cais vago da solidão
E no
mar escuro da minha clausura
Habita
tristura em qualquer direção
E
em meu sangue frio o gelo da alma
Depressa
divaga num golpe malsão
A
paz que me falta me traz desventura
E
ilhado me entrego inteiro a ilusão
E
em passos largos caminho à loucura
Remando
sem norte num mar tão bravio
Hostil
ao externo sigo minha procura
Distante,
confuso e exposto ao ardil
Servil
a escuridão que a fundo me tortura
Sem
siso nem riso navego o vazio...
Vã Glória
Se há um mundo
que gira afora teu umbigo
Por que te
alimentas de tanto egoísmo?
Em tua
mesquinhez mora a hipocrisia
Que cega
te guia pra beira do abismo
Espelhas tua
pompa numa alma vazia
E com orgulho
aquece a tua vida fria
Veste-te de
cuidado para o teu destino
Pois ele
costuma a usar sempre a ironia
Talvez conhecerás a fustigante agonia
E verás o teu
sol quadrado todo dia
Sozinho penarás
num mundo pequenino
Nem com palha e
milho entraste nos trilhos
Jaz tua
fosca estrela iludida ao brilho
E a acerba solidão se faz tua companhia
Beto Acioli
12/03/2013
E a acerba solidão se faz tua companhia
Beto Acioli
12/03/2013
Descolorido
Seca, sede, fome e morte
pintam as telas do sertão
Vidas que se descolorem
Vidas que se descolorem
e quebrantam o coração.
É o preto e branco gritando
clamando por atenção
pro verde que virou cinzas
pro verde que virou cinzas
por falta de compaixão.
Águas que jorram dos olhos
mas não servem para beber
São só lamentos e tristezas
São só lamentos e tristezas
por não ter o que colher.
E o mormaço no céu fosco
sem vontade de chover
Confirma o futuro tosco
que o sertanejo irá ter.
E na terra pobre e seca
donde não germina o pão,
a morte consome a fome
por não ter outra opção.
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